Sobre a Alegria: Carta aos Filipenses

“Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: Alegrem-se!” — Filipenses 4:4

Que tipo de alegria uma pessoa leva dentro de si ao destinar uma carta carregada de ânimo e gratidão aos seus remetentes escrevendo-a dentro de uma prisão? A carta aos Filipenses é uma das epístolas da Bíblia mais conhecidas por sua citação constante da palavra “alegrar-se”, verbo utilizado pelo apóstolo Paulo para demonstrar regozijo e perseverança na fé aos moradores de Filipos. Mas sobre o quê, exatamente, ele estava tratando quando disse para que eles se alegrassem neste versículo? O rei Salomão, há muitos anos, tratava sobre esse tema de outra forma, mas com a mesma finalidade:

“O coração dos sábios está na casa do luto, mas o coração dos tolos, na casa da alegria.” — Eclesiastes 7:4

Por que nos dois versículos destaca-se a palavra alegria com uma visão tão diferente? A resposta está no significado que ambos trazem a ela. Para Salomão, a alegria que os tolos procuram é superficial, está saturada de vícios, de relacionamentos e atitudes ruins, e dos desejos pecaminosos presentes no coração. Quando fala sobre o luto, um modo de refletir a tristeza, não está dizendo que os sábios são pessoas que vivem sobrecarregados de infelicidade, mas que, quando esses dias difíceis chegam (algo que acontece tanto para tolos quanto para sábios), procuram usar esse momento para buscarem arrependimento, sabedoria e estarem mais próximos de Deus. E como é a alegria citada pelo apóstolo, então?

“Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: Alegrem-se!” — Filipenses 4:4

A frase é autoexplicativa: Alegrar-se em quê? No Senhor! E o que é alegrar-se em Deus? Basicamente, é encontrar satisfação Nele, e em tudo o que Ele faz. É Dele que provém a verdadeira e eterna fonte de alegria, sendo o princípio e o foco da plena satisfação de uma vida feliz e abundante. Como citado por C. S. Lewis, “Tudo o que não é eterno, é eternamente inútil.” A alegria destacada por Salomão se encaixa perfeitamente nessa definição, visto que não é eterna, portanto, não possui utilidade alguma em nossas vidas. Mas a alegria que Paulo apresenta possui um contentamento constante, e nos torna pessoas verdadeiramente felizes. Aliás, qual a diferença entre Felicidade e a Alegria?

A Alegria origina-se de situações momentâneas, uma satisfação passageira que buscamos prolongar em outras ocasiões para que seja algo mais presente em nosso dia a dia. Já a Felicidade pode ser definida como o estágio final e permanente da alegria, porque é um estado da alma derivado de uma alegria constante em nossa vida que não depende das circunstâncias. E apenas Deus pode nos conceder isso, como já explicado, por ser a nossa fonte. O sincero regozijo pela presença do Senhor pode ser exemplificado através de um dos últimos versículos do livro de Habacuque:

“Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação.” — Habacuque 3:17,18

Este deve ser o nosso objetivo, ter um coração feliz, confiante da graça do nosso Deus, independente das intempéries que ocorrem a cada dia. Poder servi-lo com alegria, de bom ânimo, ainda que estejamos dentro de uma prisão, como Paulo esteve tantas vezes, compreendendo que a verdadeira satisfação começa dentro de nós, pela presença do Espírito Santo de quem cremos, e não do lado de fora.

“[…] Porque a alegria do Senhor é a nossa força.” (Neemias 8:10).