Jornada do Escritor: Dia 4 de 30

Andressa Santos
3 min readFeb 4, 2021

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Dia 4: Liberte-se da edição

Até agora, aposto que o desafio passou e está mais confiante de que o processo será tranquilo. Divirta-se, liberte-se. Escreva as palavras que saem de sua mente o mais rápido possível. Nem olhe para elas, não releia (NUNCA), simplesmente liberte a mente do perfeccionismo. O que te move para a jornada adiante?

Photo by Annie Spratt on Unsplash

Sim, eu sei. Era pra haver um pouco mais de transparência entre nós. Ou melhor, era necessário que eu fosse mais transparente com todos à minha volta. Mas é tão estranho, indiferente, desfeito. É por isso que escrevo. Eu não preciso olhar em teus olhos para dizer o que sinto. E ninguém desconfiaria da minha veracidade só porque escolhi enviar uma carta por escrito. É que o meu ser habituou-se e encontrou espaço neste mundo das palavras para se obter um refúgio em um mundo de aparências sólidas — e contudo não os são — e nem chegam perto disso. Procuro expressar-me da melhor forma que alguém possa entender, ainda que a pressa me rasteje e o tempo me assopra, desejo que entenda. Pois não verás os meus olhos tão cedo.

Peculiar, peculiar, para quem falaria sobre isso? Não há nada à minha frente, e não há nada que sinto. Hesito mais do que o normal para escrever sobre tudo que está sendo dito, pois o meu anseio de revisar tudo novamente é gritante. Quem me dera se os erros ortográficos também não fossem gritantes. Ainda há pouco tempo, meu assunto era outro. A falta de vitaminas no sangue talvez tenha feito esse efeito sem sentido em que me entrego, sem saber o porquê ou para qual objetivo. Não ter uma meta, um assunto, uma necessidade ou uma tarefa a ser ocupada me faz sentir a mais ocupada de todas as pessoas: a de não fazer absolutamente nada. Isso sim é algo perturbador. O nada ocupa muito espaço, e não deveria. Sim, está sendo difícil, e eu nem sequer sei como terminar o que escrevo, nem para onde seguir. Isso quer dizer que estou conseguindo me adaptar com a minha vida, não sabendo ao certo o que acontecerá depois. Bem, ninguém sabe, e basta a cada dia o seu mal.

Escrever algo aleatório é a coisa mais fácil que existe, você se enche de palavras, umas aleatórias, outras objetivas, mas sempre, sempre jogadas no papel. Isso funciona? Somente às vezes. Mas é certo de que logo pelo menos quinhentas palavras irão surgir. Escrever algo aleatório é a coisa mais difícil que existe, sim, falo com bipolaridade. Você escreve sem saber o seu rumo e ainda corre o risco de entregar pistas sobre o seu sujeito sem transparência que vive dentro do seu subconsciente. É um perigo. Se você está pensando em agir da mesma forma que o ilustre protagonista de Crime e Castigo, não faça isso. Digo, não escreva aleatoriamente.

Como dizia o psicanalista Sigmund Freud,

“Nenhuma pessoa é capaz de guardar um segredo, se a boca não fala, falam as pontas dos dedos”.

Eis aqui os meus dedos que me condenam. Transpassando meu humor matutino de um dia qualquer sem que houvesse a oportunidade de revisar sobre tudo, romantizar sobre um sentimento, ou analisar algum objeto que acompanha em um momento de resistência contra o calor do dia.

É assim, uma hora fazemos uma confissão, e em outra pensamos em como uma pessoa se comporta. E tudo é rodeado de escrita, onde nós colocamos o sopro de vida.

Sem revisão, sem responsabilidade.

“A vida não pode ser escrita a lápis. Você não pode apagar um erro e corrigi-lo. Mas pode recomeçar em outra linha.” — Autor desconhecido.

MoDE - Movimento da Escrita Brasil

Andressa Santos

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Leitora ativa. Escritora amadora. Estudante de violoncelo. Uma antissocial que tem amor pela humanidade ✝

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