Jornada do Escritor: Dia 28 de 30
Dia 28: Morte
Pode parecer mórbido, mas experimente pensar sobre este fatídico dia. Relutar ou temer este assunto não vai nos afastar da realidade. Então, escreva sobre isso, qual sua opinião sobre a morte? Sua história vale a pena ser contada após a sua partida?
Costuma pensar na morte?
Mais do que na própria vida.
É impossível que um mortal nunca tenha pensado em vida sobre como será o fim dela. Ou o que vem depois. Mas se todos nós entendêssemos a morte, não acha que viveríamos de verdade?
Quando esse assunto me vêm à memória, algumas reflexões que encontrei pelo caminho sempre me acompanham.
"Você não está pronto para viver, se não souber pelo o quê morrer."
E eu me pergunto pelo o que morreria. Se não encontro uma resposta, certamente não aprendi ainda como devo viver.
Tenho em mente uma explicação que me foi consentida e guardo comigo:
A existência é como um laço vermelho, infinito. Pense numa corda que você puxa, e não vê a outra ponta nunca mais. Agora que iniciamos, ela não tem fim.
Para mim, a vida não termina aqui. Pelo contrário, é um início que destrava justamente após essa passagem temporária. A vida eterna é uma realidade, fora da realidade, daqui.
Agora imagine essa mesma corda que, ao chegarmos mais perto, vemos que existe um ponto branco nela. Esse pequeno ponto branco é o que fazemos em vida. A vida que vivemos agora.Tão breve, tão pequena, tão importante. O que fazemos com esse tempo determina o que faremos por toda a nossa eternidade. É um tempo mínimo que faz toda a diferença adiante.
Eu acredito em Alguém que me concedeu essa possibilidade: Emanuel, o Deus conosco. Também chamado de Jesus, O Cristo. É graças a Ele que ainda não compreendo a morte, mas confio, antes de tudo, que Ele já a venceu. É através dele que, apesar de toda a saudade, mantenho a esperança como âncora da minha alma, prosseguindo com o mesmo foco de chegar ao céu pela fé e jamais por algum mérito. Pois eu nada tenho a oferecer.
Mas quando a morte toca a sua foice em alguém que estava diante de nossos olhos… é uma dor arrebatadora. E só quem está vivo é quem sente. A dor de uma perda. A dor de uma ausência. Uma saudade inevitável e sem preenchimento.
Ainda que soubéssemos todos os mistérios da vida e da morte, mas não tenhamos passado por isso, não deixaria de ser um momento de grande ansiedade e perturbação. Seja com um anseio de felicidade ou temor.
A vida que temos agora termina antes que a nova gota da torneira caia pela pia da cozinha, após uma louça barulhenta. Esses momentos, embora únicos e graciosamente memorizados, não nos satisfazem. Conseguimos perceber. Certas coisas levaremos para sempre conosco, mas elas não incluem o sabor de um sorvete ou a sensação de uma roupa nova, por exemplo. O nosso metabolismo espiritual pede mais, muito mais.
Carrego a crença de que essa é uma maneira de aprender a viver, antes de viver de verdade. Percebendo que as riquezas do presente não nos satisfazem, ainda que tentemos nos preencher com isso. Somos estátuas que precisam respirar. E só respiraremos graças ao escultor. Para passar do mármore para a carne, a morte é inevitável.
A morte apenas faz o seu trabalho. É preciso compreendê-la. Só tenha em mente que um dia ela será aniquilada. Viver como se não houvesse amanhã é legal? Imagina viver sabendo que o amanhã existe, e que ele será melhor que o dia anterior! Algumas pessoas acreditam que viver para sempre é um tortura, como se fossem reviver várias e várias vezes sempre passando por dificuldades, ou por algo entendiante. Acredite, não é dessa forma. O momento para obter conhecimento através do sofrimento é agora, e não depois. As lágrimas não banham os rios da eternidade.
Se você descobrir o real sentido da sua vida, temerá a morte muito menos. E apesar de continuar sendo algo muito desconfortável e doloroso o sopro de um grande amor ir embora, em algum momento, nós mesmos reconheceremos essa necessidade de ser soprado também.
Mas ainda não é o fim.
Se somos o pó das estrelas em esplendor,
Não se engane. Quando dizem que alguém virou estrelinha, é verdade.
É um grande ato de amor.
Eu não sei qual será o meu último dia de suspiro. E pensar na ausência de outra pessoa, me causa arrepios.
Se for possível escreverem em minha lápide, caso a queimadura não seja a causa da morte, espero que anotem sobre como escrevi o bom livro, acabei a carreira, e guardei a caneta.
E não se esqueçam do que realmente importa. Pois eu morrerei pelo que me faz sentir viva.
O viver é Cristo, e o morrer é lucro.
“A escrita é o parto do escritor.”
- Thomaz Henrique Barbosa
MoDE - Movimento da Escrita Brasil