Jornada do Escritor: Dia 19 de 30
Dia 19: Empreste a voz de alguém
Os escritores tendem a ler bastante. Preste atenção no estilo da escrita de outros escritores e tente imitar hoje. Explore a possibilidade de ser, pensar e escrever como o seu escritor favorito. Experimente. Não há nenhuma pressão, relaxe e se divirta. Após isso, simplesmente analise se valeria continuar com estas experimentações nos próximos projetos.
Este é o dono da voz presente no rádio britânico da BBC, que conseguia acalmar os corações, em meio a Segunda Guerra Mundial! Como poderia me comparar a Clive Staples Lewis? Tenho certeza que esse homem não é uma preferência somente na minha estante. Sinto um grande apreço pelas poucas obras que ainda tenho e, comparado em meio a tantas publicações, suas obras são reproduzidas até hoje, e se eternizam a cada leitura. Jack Lewis, como costumava ser chamado pelos seus companheiros, era um daqueles que refletem a humildade em pessoa, expressam o quanto ainda precisam entender, mas apresentam reflexões absurdamente incríveis e simples que nenhum intelectual conseguiria dizer com tanta sinceridade. Ele espalhava conhecimento entre os seus dedos, e até mesmo a sua voz, como ninguém, ao meu ver; o que me agrada muito.
Eu não posso me igualar à ele, mas posso tê-lo como inspiração. Lewis gostava de escrever para todos os públicos, em especial, às crianças. Mas como ele mesmo dizia, "Um dia nós seremos velhos demais para voltar a ler contos de fadas."
Eu poderia iniciar este texto como se fosse uma locutora de rádio, trocando conversas de tom reflexivo, apologético, e assim estivesse em um estúdio. Mas não é necessário fazer isso. O seu modo de escrever se encaixa perfeitamente na oratória, num carta, jornal ou fábula. E claro, sempre com suas metáforas e convites ao leitor para que entre em sei raciocínio e acompanhe suas ideias. Seja moral, aconselhável, fantástica ou mitológica; seus apelos para entrar em um guarda-roupa e caminhar com Aslam é inevitável. Aposto que, uma vez entrando, ninguém gostaria de voltar à sua vida normal, nunca mais.
Pegando a sua voz emprestado, recorro aos antigos conselhos. Após cerca de setenta e seis anos, voltamos à uma trama global. Dessa vez, não é uma guerra sangrenta, embora algumas pessoas viessem a sangrar; mas uma luta contra o vírus. Mais um, dentre tantos outros que ainda assolam a humanidade, de tempos em tempos. Nunca fui tão boa em palavras bonitas, mas a sinceridade e atenção do qual desejo me dispor pode ser algo considerável. É mais ou menos assim que ele escrevia. Chamava-nos para mais perto do livro, até que entremos nele. Nos contagiando suas explicações, como se ainda não tivesse saído do seu cargo de professor universitário. Posso utilizar de algumas de suas analogias e expressões para acomodar-me em sua poltrona de criador da magia profunda, tentando, de alguma forma, trazer um pouco do seu legado, jamais esquecido.
Aqui está uma prévia continuada sobre um dos livros mais famosos (se não o mais conhecido de todos esses) do autor.
Espero que sintam um pouco de Nárnia, e os desperte a saudade de voltar para aonde ainda não estiveram (ou quem sabe, não vamos ainda esse ano, hein?)
"Lúcia encontrava-se sentada perto de um dos muros de sua escola. Parecia entediada e triste. Edmundo não estuda mais lá. E seus outros irmãos, Suzana e Pedro, acabaram de terminar os estudos. Ela esteve pensando durante todo o intervalo se tudo que estava vivenciando continuaria do mesmo modo; ou se tudo que um dia chegou a viver não passava de uma ilusão infantil. Mas algo dentro dela, indiscutivelmente, em seu coração, ainda a fazia acreditar, fielmente, no dia em que descobriu o verdadeiro paraíso, a Terra Narniana. Depois que o sinal para voltar à sala de aula tocou, os alunos perceberam que ela não havia voltado. E a última vez que a viram, tinha ido ao banheiro, sem ouvirem som algum. Provavelmente, as suas pulsações estão mais fortes agora; pois estão perto de quem ela sempre amou. Tenho certeza que Aslam deseja nos levar para a sua terra um dia, tal como chamou as estrelas para casa. Não sei se ela voltará, mas se sim, não demora mais que alguns minutos no banheiro e ninguém se dará conta do ocorrido. Mas nós sabemos o que aconteceu e para onde ela foi.
Como vão os Castores, Lúcia?”
“A cada recomeço, um novo desafio uma história a ser escrita.”
- Abigail Aquino
MoDE - Movimento da Escrita Brasil
Andressa Santos